quarta-feira, 9 de novembro de 2022

A "sabedoria dos antigos"

Povos primitivos inventaram historinhas fantasiosas para explicar o universo.
Ao longo dos milênios, tais historinhas foram modificadas, adaptadas, distorcidas e reinterpretadas, às vezes se incluindo elementos de outras historinhas.

No século XXI, algumas pessoas procuram significados ocultos nesta bobajada se julgando muito superiores àqueles que a veem como simples superstições de povos primitivos.

A velha crença em que os antigos tinham uma sabedoria fantástica que se perdeu ou foi preservada por ordens iniciáticas secretas. Que textos que sobreviveram a civilizações desaparecidas contêm vestígios de conhecimentos avançados.

Não adianta o místico apelar para uma vida dedicada ao estudo da "sabedoria dos antigos", desprezando os que pouco ou nada conhecem sobre Jacob Boehme, Hermes Trismegisto ou Helena Blavatsky.

Estudar a fundo o assunto torna a pessoa um expert, mas não significa que ela tenha como provar que é verdade ou se baseia em fatos.

E, enquanto não provar, o leigo não terá motivos para reconhecer sua autoridade.

Por exemplo, não adianta um teólogo esfregar seu diploma de teologia na cara do descrente dizendo "Quem é você para me questionar?!!"

O mais sensato será ignorar essa gente.

Citar grandes filósofos é a "falácia da autoridade". Só porque eles tiveram algumas boas ideias, não significa que acertaram em tudo. Eles partiam do princípio de que havia um conhecimento ou entidade superior a serem descobertos e entendidos. Já eu, apesar de não excluir a hipótese de que possam existir, não vejo necessidade de perder meu tempo com elucubrações inúteis sobre coisas imaginárias.

Afinal, quer haja algo ou não, será inalcançável e incompreensível.

Uma hipotética revelação irrefutável feita por tal entidade será apenas uma ilusão.
Apenas aquilo que ela quer que vejamos e pensemos, não a realidade.
Que, de qualquer modo, estaria fora de nosso alcance.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

O rebelde anti-romano que inspirou o personagem Jesus

 Este texto defende a ideia de que os fatos descritos no NT no início dos anos 30 aconteceram, na verdade, do final dos anos 40 em diante.

https://www.researchgate.net/publication/342872663_Jesus_and_the_Egyptian_Prophet

Os evangelistas teriam baseado Jesus na figura de um rebelde conhecido como o "Profeta Egípcio" e teriam deslocado os acontecimentos para  10 a 20 anos antes, mudando os personagens envolvidos. Eles atribuem, por exemplo, os atos de Felix, procurador de 52 a 59dC, a Pilatos. Segundo Flavio Josefus, foi Felix que mandou os soldados ao Monte das Oliveiras para prender o Profeta Egípcio, que tinha reunido lá seus seguidores anunciando que dali destruiria as muralhas de Jerusalém e abriria o caminho para a invasão. Isto explicaria a passagem onde Jesus diz aos discípulos para vender o que fosse preciso e comprar espadas e também o fato de que foram enviados 1000 soldados para prender um pacífico profeta e alguns poucos de seus seguidores.

Assim como Jesus, o "Profeta Egípcio" veio do Egito (onde teria se tornado um mago) e apareceu, de repente, já com 30 anos.


Há ainda documentos dos Pais da Igreja, como Ireneu ou Victorinus de Pettau, que afirmam que Jesus viveu mais que 50 anos. São Jerônimo diz, em seu livro "Dos homens ilustres":

    "In the commentaries of Victorinus among other things these are also written: “I found in parchments of Alexander the bishop, who was in Jerusalem, which he transcribed with his own hand from exemplars of the apostles, thus: ‘The Lord Jesus Christ was born on December 25 in the consulate of Sulpicius Camerinus [in 9 AD]. He was baptized on January 6 in the [second] consulate of Valerius Asiaticus [in 46 AD]. Truly his passion was on March 25 in the third consulate of Nero and [the first of] Valerius Messala [in 58 AD]."

E o próprio Jerônimo diz que Jesus estava vivo nos tempos de Claudio (41-54 dC).

É possível que os evangelistas tenham tentado desvincular Jesus das rebeliões contra os romanos e disfarçado algo que eles não podiam, na época, dizer abertamente.

Outros indícios:

Mateus 15:33-38 e Marcos 08:04-09, no milagre da multiplicação de pães e peixes, falam que Jesus esteve com quatro mil homens no deserto.

Em Atos 21:38, perguntam a Paulo se ele não é "aquele rebelde egípcio":
"Não és tu porventura aquele egípcio que antes destes dias fez uma sedição e levou ao deserto quatro mil salteadores?"

Assim como Jesus, o Egípcio passou um tempo no deserto.
Ambos falam em derrubar as muralhas de Jerusalém (Lucas 19:43-44).
Ambos viveram no Egito.
Ambos são descritos como líderes messiânicos com muitos seguidores.
Ambos são vistos como ameaça pelas autoridades.
O Egípcio foi derrotado no Monte das Oliveiras, onde Jesus foi preso.