sábado, 18 de novembro de 2006

Aceitar a Jesus

Os crentes me dizem que eu devo abrir meu coração a Jesus, que devo buscá-lo com fé, dar uma chance a ele. Quando digo que tentei isto por 40 anos, eles respondem que eu não fui sincero, que não me esforcei, que não fiz direito. E eles nem me conhecem ...

Alguns citam a história do mestre que segurou a cabeça do discípulo debaixo d'água enquanto este se debatia e depois lhe disse: "Você deve procurar a Deus com a mesma ânsia que procurou pelo ar".

Eu pergunto:
1. E se Deus não existir? E se estivermos procurando no escuro por um gato preto que não está lá?

2. E se Deus não quiser se revelar a nós ou apenas a alguns de nós?

3. A qual deus devo buscar? Por que os crentes pressupõem, como se fosse óbvio, que é o deles que eu vou encontrar?

4. Por quanto tempo devo esperar por uma resposta de cada deus antes de tentar o próximo?

5. O que eles querem dizer com "buscar com intensidade, de coração"? Qual é o método?
Será que me falta a capacidade de auto-ilusão que eles têm? Será que se eu me esforçar bastante volto a acreditar até em Papai Noel?

6. Por que Deus complica as coisas e se esconde de nós? Por que, supostamente, ele só se revela a quem já decidiu que ele existe? Se Deus realmente quer nos dizer alguma coisa, por que não se dirige a cada um de nós, sem intermediários, de forma clara e explícita? Por que temos que implorar por sua atenção?

7. Como é possível decidir "aceitar a Jesus" se não acreditamos nele? Não seria mais lógico que Deus nos aparecesse e só então acreditássemos? Será que os crentes não vêem o absurdo de "primeiro acreditar e só então ver as provas" ?

8. Como distinguir a manifestação de Deus da de uma outra entidade? Como saber que é o deus da Bíblia e não o de outra religião? Ou o diabo? Ou algum extra-terrestre poderoso?

9. Por que devo acreditar nos que me dizem ter "encontrado Jesus"? Que provas eles têm a me apresentar além do relato de "sentimentos" que podem não passar de alucinações ou ilusões auto-induzidas?

10. Por que os crentes sempre me abordam com um ar superior de quem traz uma revelação auto-evidente, diante da qual eu deveria cair de quatro e louvar o Senhor? Por que ficam tão irritados quando insisto em achar defeito e sugerir outras possibilidades, em exigir provas? Por que eles não enxergam a própria arrogância?

11. Como eles podem dizer que eu "rejeitei a Deus", que eu "troquei Deus pelos prazeres do mundo" ou que eu estou "revoltado com Deus" se eu não acredito nele?
Será que eu poderia me revoltar contra o saci-pererê?

Os crentes se fecham de tal maneira em seu limitado mundinho, sua visão estreita e suas explicações simplistas que não conseguem conceber que alguém pense diferente sem estar "rejeitando a Deus".
Não conseguem conceber que o mundo não gira em torno do cristianismo e que 2/3 da humanidade estão pouco se lixando para seu precioso "Jesus".

Quando questionados, se irritam e se assustam. Lembram-me as crianças que, ao perceberem que não têm argumentos, tampam os ouvidos e gritam: "Não estou ouvindo, não estou ouvindo!".

Eles são como R. R. Soares, chacoalhando a Bíblia diante das câmeras: "Se não está aqui, para mim não existe".

domingo, 27 de agosto de 2006

Religião é um problema mental?

Por que temos uma religião ou, pelo menos, a crença em algum deus?
Há dois motivos principais:

-A crença nos é imposta na infância, como uma lavagem cerebral.
-É aceita mais tarde, de forma aparentemente voluntária, em geral
num momento de dificuldade, e não numa decisão racional.

Quando a religião é imposta a uma criança, antes que seu pensamento crítico tenha se desenvolvido, encastela-se em um canto do cérebro e torna-se muito difícil de ser questionada mais tarde. A pessoa a aceita como um fato da vida, goste dela ou não.

Muitos cumprem os preceitos e os rituais sem nunca questionar, conscientemente, o que fazem. É uma obrigação, ponto final. Se a pessoa não fizer o que deve, "Deus castiga". Não há nenhum prazer envolvido, nenhum entusiasmo. "Deus" não é uma presença, um sentimento, é uma informação recebida. Se a informação revela-se falsa, a fé se vai sem fazer falta.

Outros, ao contrário, apóiam-se a sua crença como a uma muleta, assim como outros bebem ou se drogam. Buscam nela refúgio e consolo diante de seus problemas.
Chegam, em alguns casos, a "sentir" a presença de Deus, "ouvem" sua voz, desfrutam de êxtases místicos. Falam em "línguas", estrebucham no chão, supostamente tomados pela divindade.

Paulo, em suas epístolas, admite que a religião possa parecer loucura, mas se defende dizendo que Deus fez de loucos os sábios deste mundo e que a verdadeira sabedoria é a dos loucos em Deus. Da mesma forma, tribos primitivas viam nos loucos a marca de Deus e os respeitavam.

Experimente fazer uma pergunta simples: "Se você acredita pela fé, sem precisar de provas, como sabe que as outras religiões estão erradas se elas também não precisam de provas? Qual foi o seu critério para escolher uma religião entre tantas? "
Você não conseguirá nenhuma resposta coerente. E, se insistir na pergunta, a pessoa se irritará com você. Uma reação emocional em lugar de argumentos.

Entretanto:

-Pessoas com transtorno obsessivo compulsivo (TOC) procuram tratamento.
-Pessoas com cleptomania procuram tratamento.
-Pessoas que nunca conseguem chegar na hora a seus compromissos procuram tratamento.

Elas não se ofendem ao serem chamadas de doentes. Na verdade, sentem-se aliviadas ao perceber que não é um problema de caráter e que pode haver uma cura.

Não é à toa que existem tantos "Alguma Coisa" Anônimos pelo mundo.

Quando se trata de religião, entretanto, comportamentos ridículos e anormais são vistos como sinais de santidade e aceitos pela sociedade. Pessoas que dizem falar com Deus ou com os mortos são consideradas especiais e superiores.

Pessoas que se trancam em conventos, com voto de silêncio, pobreza e castidade, e passam o resto da vida isoladas, rezando para as paredes, são consideradas virtuosas.
Algumas, ainda mais "santas", fazem jejum, penitência, se auto-flagelam.

O que seria considerado um ataque epilético é visto como a possessão por um deus quando ocorre num templo. Milhares de adolescentes gritando e se descabelando diante de um artista famoso não passa de histeria coletiva, mas "Deus está operando" quando a gritaria acontece durante um culto. Dizer coisas incoerentes é sinal de problemas mentais - a menos que o fato se dê no contexto da religião, quando pode ser visto como "falar em línguas" ou mediunidade.

Quando a religião está envolvida, é considerado um insulto grave insinuar que essas pessoas possam estar malucas. Que possam ter algum problema mental. Que uma parte da mente delas está fora de seu alcance e controle.

Por que?
Qual a diferença?

Se muitas pessoas dizem que tiveram contacto com o sobrenatural, justifica-se uma investigação, só que nenhuma investigação até hoje mostrou nada.
A ciência já estudou o que ocorre no cérebro de budistas durante a "iluminação" ou de freiras em "êxtase místico" e localizou as partes envolvidas com o fenômeno. Em seguida, estimulou essas mesmas partes em voluntários, induzindo neles um sentimento de religiosidade. O mesmo já foi feito com a sensação de estar fora do corpo.
Deus pode ser ligado e desligado com um botão num laboratório?

A religiosidade pode ser apenas uma característica de nosso cérebro. Pode ter representado uma vantagem evolucionária no passado, ao unir as comunidades em torno de uma crença comum, ao lhes dar uma causa pela qual lutar e se sacrificar.
Entretanto, assim como outras características de nossos antepassados selvagens que abandonamos em nome da civilização, talvez seja hora de abandonar nosso respeito supersticioso pela religião e considerar seriamente a pergunta:

Seria a religião apenas um produto de nosso cérebro? Que, em excesso, não passa de uma doença?


domingo, 30 de julho de 2006

Detesto dar carona


Conheço muita gente que adora dar carona. Gostam de ter alguém com quem conversar, gostam de saber que terão ajuda em caso de enguiço ou pneu furado. Só que nem todo mundo é assim. Eu, por exemplo.

Quando dirijo, principalmente se o caminho é bem conhecido, mergulho em meus pensamentos e me desligo do mundo, a ponto de nem me lembrar do trajeto mais tarde. Ou então vou ouvindo música.

Com um carona, entretanto, sou obrigado a dar atenção a alguém. Perco minha privacidade e não posso me desligar e relaxar.
O carona insiste em puxar papo, em geral sobre assuntos que não me interessam, ainda que eu responda apenas com monossílabos para ver se ele se manca.

Eu não me ofereço para dar carona, são eles que se impõem. E, pelo seu comportamento, parece até que estão me fazendo um grande favor:

-Nunca aparecem na hora marcada. Se o combinado é 07:00, aparecem na maior tranquilidade às 07:20, dizendo que havia um grande engarrafamento no caminho. Só que isto acontece todos os dias e eles já deveriam saber que era para sair de casa mais cedo.

-Pior ainda se é você que tem que passar pela casa deles: nunca estão a postos na hora combinada e você tem que esperar em lugares inseguros ou se arriscando a uma multa, além de ser xingado por atrapalhar o trânsito e bloquear portas de garagem. E aparecem calmamente, falando ao celular, fazendo você se sentir como se fosse o motorista deles.

-O mesmo acontece na hora de voltar para casa: quando todo mundo já foi embora e só resta você no estacionamento, lá vêm eles dizendo que tiveram que atender a uma ligação de última hora ou que o chefe os segurou até mais tarde.

-Querem descer nos lugares mais inconvenientes, obrigando você a sair de seu trajeto e esperar com ônibus acelerando atrás de você ou carros buzinando enquanto eles recolhem seus cacarecos sem pressa. E depois tem que fazer malabarismos para retornar à sua pista (de onde nunca deveria ter saído).

-Querem abrir a janela ("Não gosto de viajar de janela fechada", dizem, como se fosse o gosto deles que importasse).

-Chegam fedendo a suor ou cigarro e empesteiam tudo. Alguns ainda têm a cara de pau de perguntar se podem fumar.

-Tossem, espirram, pigarreiam, batucam, cantarolam. Parecem ter horror ao silêncio.

-Caronas me obrigam a tirar as coisas do banco do passageiro, onde estão à mão, e passar tudo para o banco de trás, onde vão se perder no meio de outras coisas.

-Caronas pesam. E seu peso reduz o desempenho do carro, desgasta a suspensão e os pneus e aumenta o consumo de combustível, mas nunca lhes ocorre ajudar quando você vai abastecer, mesmo que tenham sido um peso morto a bordo por semanas a fio.

-Querem que você ligue o som quando você está a fim de silêncio. Se você liga, reclamam do seu gosto ou começam a puxar assunto sobre o que você está ouvindo (impedindo-o de ouvir...). Se há mais de um chato, conversam entre si. Se você aumenta o volume para tentar ouvir alguma coisa, falam mais alto ainda para abafar (motivo pelo qual não ligo mais o som quando tenho caronas).

-Caronas insistem em mexer em tudo: na posição do banco, na regulagem da ventilação, abrem e fecham a janela, dão puxões violentos no cinto de segurança e acabam estragando alguma coisa. Claro que nunca se oferecem para lhe pagar: "Pô, foi mal, aí. Ih, lá vem meu ônibus, tchau!".

Mas será que não há no mundo alguém que você gostaria de ter a seu lado? Claro que sim, só que:

-Já tem carona.
-Já tem carro.
-Mora em outro bairro ou o horário é diferente.

Pode ser que um dia, finalmente, aquela pessoa especial precise da sua carona. Instantaneamente, algum chato se materializa do nada, dizendo: "Aí, hoje eu vou com você!".
Note que ele não pergunta se pode ir, ele afirma que vai, confortável na intimidade que julga ter conquistado com as outras vezes em que estragou sua viagem.
E vai tratar de exibir esta intimidade ao longo do trajeto, se metendo na conversa, se comportando como se seu carro fosse a casa dele.

Não adianta reclamar, não adianta dizer, explicitamente, o que você pensa dele. Chatos são imunes a críticas. Vão rir na sua cara e responder, sorridentes: "Eu sei que você não está falando de coração! Você sente a minha falta!"

Aaaarrghh!!

sábado, 24 de junho de 2006

Riqueza e pobreza



O pobre não é pobre porque existe o rico. Na verdade, o pobre só não é mais pobre justamente porque existe o rico.
O dinheiro que vai para o bolso do rico não é um dinheiro que saiu do bolso do pobre. É um dinheiro novo, que só passou a existir devido ao trabalho do rico.

Defender a distribuição forçada das riquezas é cair no erro de achar que a quantidade total das riquezas de um país é constante e que tende a se acumular nas mãos de uns poucos. Pelo contrário, novas riquezas são constantemente geradas pelo trabalho e o que acontece é que alguns estão mais capacitados a gerá-las e acumulá-las do que outros.

Se tirarmos dos ricos para dar aos pobres, em pouco tempo os ricos voltarão a ser ricos e os pobres voltarão a ser pobres. Ou, o que é pior, os ricos irão embora, em busca de um país que valorize seu trabalho produtivo e respeite seu direito à propriedade legitimamente obtida, deixando os pobres ainda mais pobres.
É melhor que os pobres comam as migalhas que caem da mesa dos ricos que não haja migalhas por não haver ricos.

A estatística mostra que mais de 90% dos ganhadores de loterias volta a ser pobre com o tempo, ou seja, eles não sabem usar o dinheiro para gerar dinheiro, sabem apenas gastá-lo. Os ricos são aqueles que sabem gerar riquezas novas.

Existem, é claro, os parasitas que, sem produzir nada, vivem às custas dos que trabalham, mas este não é necessariamente o caso dos empresários, por exemplo. Para gente assim, existe a lei. A maioria dos empresários, pelo contrário, cria empregos e permite a sobrevivência dos que não têm a capacidade de serem, eles mesmos, empresários. Não importa se eles criarem suas empresas pensando apenas em seu próprio benefício; o que importa é que, para o bem de todos, eles existem.

Há também o problema dos que nascem tão pobres que não têm a chance de fazer nada, mas, para isto, existem os impostos, através dos quais os ricos ajudam o governo a dar chances iguais a todos através de condições mínimas de educação, segurança e saúde.

A desigualdade social não é um problema em si. Reflete apenas o fato de que as pessoas são diferentes em suas capacidades e ambições. Pelo contrário, a desigualdade pode ser até um sinal da vitalidade de uma sociedade, de que é possível progredir.

Não é a desigualdade que deve ser combatida e sim a falta de oportunidades e a extrema miséria. Deve-se garantir a todos uma vida digna e a chance de progredir pelo próprio esforço, e não tentar acabar com as diferenças.


"Os
socialistas, e em especial os marxistas, sempre pensaram que existia um
estado natural de abundância. Nada mais simples, portanto, que a
economia de Robin Hood: tirar dos ricos para dar aos pobres."
- Roberto Campos


Fernando Silva




domingo, 4 de junho de 2006

Os 10 principais sinais de que você é um fundamentalista cristão


Os 10 principais sinais de que você é um fundamentalista cristão

http://www.evilbible.com/Top_Ten_List.htm

10 - Você nega com veemência a existência dos milhares
de deuses das outras religiões, mas sente-se ofendido
quando alguém nega a existência do seu.

9 - Você se sente ofendido e "desumanizado" quando
cientistas dizem que as pessoas evoluíram a partir de
outras formas de vida, mas aceita sem problema a
alegação bíblica de que nós todos viemos do barro (e a
mulher de uma costela).

8 - Você ri dos politeístas, mas acredita sem problemas
em um deus trino.

7 - Você fica indignado quando lhe falam das atrocidades
de Allah, mas não tem a mínima reação ao ouvir sobre
como o deus Jeová massacrou todos os bebês do Egito no
Êxodo e mandou eliminar grupos étnicos inteiros no livro
de Josué, incluindo mulheres, crianças e seus animais!

6 - Você ri das crenças hindus que divinizam humanos, e
dos gregos que alegam que deuses dormiram com mulheres,
mas não vê problema algum em acreditar em que o Espírito
Santo engravidou Maria, que deu à luz um homem-deus que
foi assassinado, ressuscitou e depois subiu aos céus.

5 - Você está disposto a passar a vida procurando furos
nas evidências científicas de que a Terra tem alguns
bilhões de anos de idade, mas não vê nada de errado em
se acreditar nas lendas de tribos nômades da Idade do
Bronze, que afirmam que a Terra existe há apenas umas
poucas gerações.

4 - Você acredita em que apenas os que compartilham da
sua crença serão salvos. Todo o resto da humanidade,
incluindo os membros de seitas rivais, passará a eternidade
queimando em um inferno de fogo e sofrimento. E ainda assim
considera que a sua religião é a mais tolerante e a que tem
mais amor.

3 - Embora a ciência moderna, história, geologia,
biologia e física não consigam convencê-lo, você
aceita sem discutir que algum idiota estrebuchando no chão
e falando em "línguas" por aí é evidência suficiente
para "provar" a veracidade do cristianismo.

2 - Você define como "alta taxa de sucesso" quando 0,01%
das orações são atendidas. Isto para você é uma prova de
que orar funciona. E pensa que os 99,9% restantes que
não deram certo foram simplesmente pela vontade de Deus!

1 - Você na realidade sabe muito menos sobre a Bíblia,
cristianismo e história da Igreja do que muitos ateus e
agnósticos - mas ainda assim se autodefine como cristão.

Tradução: Fábio Luis Emerim / Fernando Silva

domingo, 28 de maio de 2006

Quem foi realmente Jesus


Qual foi o verdadeiro Jesus? O que ele realmente ensinou?

Os Fundamentos da Fé

Robert Green Ingersoll (1895)

Parte V: O Cristo Teológico

No Novo Testamento, encontramos os ensinamentos e as palavras de Cristo. Se assumirmos que o livro é inspirado, então temos que admitir que Cristo realmente disse todas as coisas atribuídas a ele pelos vários autores. Se o livro é inspirado, então temos que aceitar tudo. Não temos o direito de rejeitar as contradições e absurdos e só aceitar o que é bom e razoável. Temos que aceitar tudo do jeito que é.

Pelo que pude observar, as pessoas costumam elaborar teorias consistentes, mas vivem de forma contraditória.

Assim, acredito que as palavras de Cristo foram coerentes com suas teorias, com sua filosofia.

Se eu encontro no Novo Testamento coisas contraditórias, concluo que algumas dessas palavras não foram ditas por ele. Os ensinamentos que eu julgo estarem de acordo com aquilo que eu acho que era sua filosofia, eu aceito. O resto, jogo fora.

Há alguns de seus ensinamentos que mostram que ele era um judeu devoto e outros que mostram que ele queria destruir o judaísmo. Há alguns mostrando que ele desprezava todos os povos menos os judeus e não queria salvar mais ninguém além deles e outros, que ele queria converter o mundo inteiro. Há alguns mostrando que ele perdoava e amava a todos e não era egoísta e outros, que ele era vingativo e malvado, além de outros que o mostravam como um asceta, que desprezava profundamente o relacionamento com outras pessoas.

As passagens a seguir mostram que Cristo era um judeu devoto:
"Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus;
nem pela terra, porque é o suporte onde ele apóia os pés; nem por Jerusalém, porque é a sua cidade sagrada" (Mateus 5:34-35)

"Não pensem que eu vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento" (Mateus 5:17).

"Os pagãos é que ficam procurando essas coisas" (ou seja, roupa, comida e bebida) (Mateus 5:32)

Ao curar um leproso, ele disse: "Disse-lhe então Jesus: Olha, não contes isto a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho" (Mateus 08:04)

Jesus enviou seus discípulos como missionários dizendo: "A estes doze enviou Jesus, e ordenou-lhes, dizendo: Não ireis aos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mateus 10:05-06)

Uma mulher veio de Canaã e suplicou a Jesus: " Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim, que minha filha está horrivelmente endemoninhada" -- mas ele a ignorou. Então os discípulos lhe pediram para mandá-la embora e ele disse: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel." (Mateus 15:22)

Mas a mulher se prostou diante dele e lhe disse: "Senhor, ajudai-me". Ele respondeu: "Não é certo tirar o pão das crianças e jogá-lo aos cachorrinhos". Entretanto, comovido por sua fé, ele curou a criança.

Quando o jovem lhe perguntou o que deveria fazer para ser salvo, ele disse: "Siga os mandamentos da Lei".

Cristo disse: "Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus.
Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai" (Mateus 23:02)

"É, porém, mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei" (Lucas 16:17)

Cristo foi ao templo e expulsou de lá os que compravam e vendiam, dizendo: "Está escrito que minha casa é uma casa de oração, mas vós fizestes dela um covil de ladrões".

"Nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus" (João 04:22)

Certamente, todas estas passagens foram escritas por pessoas que acreditavam que Jesus era o Messias.

Muitas das frases atribuídas a Cristo mostram que ele era um asceta, que ele não se importava com os parentes, nem com pai e mãe, nem com irmãos e irmãs e desprezava os prazeres da vida.

Cristo disse a um homem: "Vem e segue-me". O homem respondeu: "Permita que eu enterre meu pai primeiro" e Cristo disse: "Deixe que os mortos enterrem seus mortos".

Outro disse: "Eu o seguirei, mas primeiro deixe que eu me despeça dos que estão em casa".
Jesus disse: "Nenhum homem que toma o arado e olha para trás entrará no Reino de Deus. Se teu olho direito te ofende, arranque-o e jogue-o fora. Se tua mão direita te ofende, corte-a fora".

Outro lhe disse: "Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora e desejam falar-te". Ele respondeu: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" Apontou então seus discípulos e disse: "Eis minha mãe e meus irmãos".

"E todo aquele que deixar sua casa, ou seus irmãos e irmãs, ou pai e mãe, ou esposa e filhos, ou suas terras em meu nome, receberá cem vezes mais e herdará a vida eterna".

"Aquele que ama pai e mãe mais do que a mim não é digno de mim; e aquele que ama filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim".

Aparentemente, Cristo tinha uma filosofia.

Ele acreditava em que Deus era um pai amoroso, que ele cuidaria de suas crianças e que tudo o que elas tinha a fazer era confiar totalmente em Deus.

"Bem aventurados são os misericordiosos, pois eles receberão misericórdia".

"Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês!" (Mateus 5:44).

"Portanto, não fiquem preocupados, dizendo: O que vamos comer? O que vamos beber? O que vamos vestir?
Os pagãos é que ficam procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso" (Mateus 5:31-32).

"Pedi e lhes será dado". "
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós".
"E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados."

Cristo parecia ter confiança absoluta em Deus, mas, quando a escuridão da morte se aproximou dele, gritou: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonastes?"

Embora haja muitas passagens no Novo Testamento mostrando que Cristo era gentil e perdoava, há muitas outras mostrando que ele era exatamente o oposto.

Como devia ser a mente de alguém que disse: "Eu vim para lançar fogo sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso! Devo ser batizado com um batismo, e como estou ansioso até que isso se cumpra! Vocês pensam que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu lhes digo, vim trazer divisão. Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas, e duas contra três. Ficarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra." (Lucas 12:49-53)




sábado, 14 de janeiro de 2006

Por que Jesus?


Jesus sempre foi tido em alta consideração tanto por cristãos quanto não-cristãos. Tenha ele realmente existido ou não, tenha ele sido de origem divina ou não, muitos afirmam que o Novo Testamento é o maior exemplo de moralidade. Muitos acreditam que seus ensinamentos, se verdadeiramente compreendidos e seguidos, fariam do mundo um lugar melhor.
Isto é verdade? Jesus merece a adoração generalizada que sempre recebeu? Vamos examinar o que ele disse e fez.

Jesus era pacífico e compassivo?
O nascimento de Jesus foi anunciado com "paz na terra", e no entanto Jesus disse: "Não penseis que vim trazer paz à Terra: não vim trazer paz, mas uma espada." (Mateus 10:34). "Aquele que não tem espada, que venda sua capa e compre uma." (Lucas 22:36). "Quanto, porém, a esses meus inimigos, que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e executai-os na minha presença." (Lucas 19:27 - Nota: na verdade, este trecho era parte de uma parábola, mas termina sem maiores explicações).
A queima de hereges durante a Inquisição se baseou nas palavras de Jesus: "Se alguém não permanecer em mim, será jogado fora como um ramo de árvore, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam." (João 15:6).
Jesus tinha "raiva" (Marcos 3:5) de seus críticos e atacou mercadores com um chicote (João 2:15). Ele mostrou o respeito que tinha pela vida ao afogar animais inocentes (Mateus 8:32). Ele se recusou a curar uma criança doente até que foi pressionado pela mãe dela (Mateus 15:22-28).
O seu caráter se revela principalmente quando ameaça com o sofrimento eterno: "Mandará o Filho do homem (o próprio Jesus) os seus anjos que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade; e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes." (Mateus 13:41-42). "E se a tua mão te ofende, corta-a; pois é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível." (Marcos 9:43).
Que bondade é esta? Dá bom exemplo quem impõe sua vontade através de ameaças de violência? Seria o inferno um lugar agradável e pacífico?

Jesus incentivou os "valores familiares"?
"Se alguém vem a mim, e não odeia seu pai, mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e ainda sua própria vida, não pode ser meu discípulo" (Lucas 14:26)
"Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai, entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. E assim os piores inimigos de um homem serão os seus próprios parentes." (Mateus 10:35-36)
Quando um de seus discípulos quis ausentar-se para o funeral de seu pai, Jesus o repreendeu: "Deixe que os mortos sepultem seus mortos." (Mateus 8:22)
Jesus nunca usou a palavra "família." Ele nunca se casou ou teve filhos. Para sua própria mãe, ele disse: "Mulher, que tenho a ver contigo?" (João 2:4).

O que ele pensava sobre igualdade e justiça social?
Jesus afirmou que os escravos deveriam ser chicoteados: "Aquele servo (escravo), que sabia a vontade de seu senhor, e não se preparou, nem fez segundo a sua vontade, será punido com muitos açoites." (Lucas 12:47). Ele nunca condenou a escravidão, mencionando escravos e senhores em muitas de suas parábolas.
Ele nunca fez nada para reduzir a miséria. Em vez de vender um perfume caro para ajudar os pobres, gastou tudo com ele mesmo, dizendo: "Pobres, sempre os tereis" (Marcos, 14:3-7).
Ele não escolheu mulheres como discípulos ou as convidou para a Última Ceia.

Que princípios morais Jesus nos deixou?
"Há eunucos que a si mesmos fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Aquele que é capaz o admitir, admita." (Mateus 19:12). Alguns dos primeiros cristãos, inclusive o Pai da Igreja Orígenes, seguiram isto literalmente e se castraram. Mesmo como metáfora, este conselho é de mau gosto.

-Se seu olho ou sua mão forem causa de pecado, arranque-os fora Mateus 5:29-30, sobre o sexo).
-Casar-se com uma mulher divorciada é adultério (Mateus 5:32).
-Olhar para uma mulher com desejo é adultério (Mateus 5:28)
-Não planeje seu futuro (Mateus 6:34).
-Não guarde dinheiro (Mateus 6:19-20).
-Não fique rico (Marcos 10:21-25).
-Venda tudo o que tem e dê aos pobres (Lucas 12:33)
-Não trabalhe para conseguir comida (João 6:27)
-Faça com que as pessoas queiram perseguí-lo (Mateus 5:11).
-Diga a todos que você é melhor que os outros (Mateus 5:13-16).
-Tome dinheiro de quem tem pouco e dê para investidores ricos (Lucas 19:23-26).
-Se alguém lhe roubar alguma coisa, não tente recuperá-la (Lucas 6:30).
-Se alguém lhe bater, peça para baterem de novo (Mateus 5:39).
-Se tiver que indenizar alguém, pague mais do que o devido (Mateus 5:40).
-Se lhe obrigarem a andar um quilômetro, ande dois (Mateus 5:41).
-Se alguém lhe pedir alguma coisa, dê sem discutir (Mateus 5:42).
-Não se preocupe com a higiene e com o que come (Marcos 7:15)

Isto é sensato? É isto que você ensinaria a seus filhos?

Jesus era confiável?
Jesus disse aos discípulos que eles ainda estariam vivos quando ele voltasse: "Em verdade vos digo que alguns aqui se encontram que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino" (Mateus, 16:28). "Vejam, eu venho rapidamente" (Apocalipse 3:11). Já se passaram 2000 anos e os crentes ainda esperam pelo seu retorno "em breve".
Ele errou ao dizer que a semente da mostarda é "a menor de todas as sementes" (Mateus 13:32) e que o sal poderia "perder seu sabor" (Mateus 5:13).
Jesus disse que quem chamasse aos outros de "louco" poderia ir para o inferno (Mateus 5:22), mas ele próprio chamou aos outros de louco várias vezes (por exemplo, Mateus 23:17).
Quanto à sua própria confiabilidade, Jesus deu duas respostas conflitantes: "Se eu der testemunho de mim mesmo, meu testemunho não é verdadeiro" (João 5:31) e "Ainda que eu dê testemunho de mim mesmo, meu testemunho é verdadeiro" (João 8:14).

Jesus foi um bom exemplo?
Ele amaldiçoou e fez secar uma figueira por não dar frutos fora de época (Mateus 21:18-19 e Marcos 11:13-14). Ele infringiu a lei ao roubar trigo em dia de sábado (Marcos 2:23) e mandou que seus discípulos levassem um cavalo sem pedir permissão ao dono(Mateus 21).
O "humilde" Jesus se disse "maior que o templo" (Mateus 12:6), "maior que Jonas" (Mateus 12:41) e "maior que Salomão" (Mateus 12:42}. Pareceu sofrer da paranóia dos ditadores quando disse que "Quem não é por mim é contra mim" (Mateus 12:30).

Por que Jesus?
Embora se possam citar passagens que mostrem Jesus de forma mais favorável, elas não apagam esse lado preocupante de seu caráter. E o fato de conflitarem com as outras mostram que o Novo Testamento é contraditório.
A "Regra de Ouro" já tinha sido dita muitas vezes por outros líderes religiosos (Confúcio: "Não faça aos outros o que não queres que te façam"). "Dê a outra face" encoraja as vítimas a pedirem mais violência. "Ama teu próximo" só se aplica aos que seguem a mesma crença (nem Jesus nem os judeus mostraram muita simpatia por outras religiões). Algumas das bem-aventuranças ("Bem-aventurados são os promovem a paz") são aceitáveis, mas não passam de promessas, de condições para se receber uma recompensa futura, e não baseadas no respeito à vida e aos valores morais.

No conjunto, Jesus disse pouca coisa aproveitável. Não trouxe nada de novo para a ética (exceto o inferno). Não criou programas sociais. Sendo "omnisciente", ele poderia ter contribuído com informações úteis para a ciência e a medicina, mas ele parecia não entender nada destes assuntos (como se ele fosse apenas um personagem inventado por escritores com o conhecimento limitado do primeiro século).

Muitos estudiosos têm dúvidas quanto à existência de um Jesus histórico. Albert Schweitzer disse que "O Jesus histórico é, para nossa época, um estranho e um enigma". Nenhum escritor do primeiro século confirma a história de Jesus. O Novo Testamento é contraditório e cheio de erros históricos. Conta uma história cheia de milagres e outras alegações fantásticas. Consiste em sua maior parte de material emprestado às religiões pagãs e o Jesus que ele descreve não é muito diferente dos outros mitos e fábulas.

Por que Jesus é tão especial? Seria mais sensato e produtivo falar de pessoas reais, de carne e osso, que contribuíram para a humanidade - mães que deram à luz, cientistas que aliviaram o sofrimento, reformadores sociais que combateram as injustiças - que adorar um sujeito com um caráter tão duvidoso quanto o de Jesus.

Comentários:
Sei que estou tratando o Novo Testamento como se as palavras e feitos de Jesus fossem a verdade literal. Sei que há controvérsias quanto à autenticidade de muitas das passagens citadas acima. O Jesus Seminar, por exemplo, afirma que em torno de 85% das palavras e ações de Jesus contidas no Novo Testamento não são autênticas. Ele nunca disse ou praticou a maior parte delas. Este texto é dirigido aos que acreditam que o Novo Testamento não contém erros e é inspirado por Deus.

Desde que este trabalho se tornou disponível na Internet, recebi muitas queixas de que eu usei esses trechos "fora de contexto". Do modo como eu e os estudiosos da Bíblia vemos a coisa, isto pode ser verdade, ou seja, a maioria dos trechos podem ser eliminados do livro.
Entretanto, do modo como os fundamentalistas e evangélicos entendem o assunto, ou seja, segundo os que pensam que estou criando uma falsa imagem de Jesus, não estou usando nada fora de contexto. Nenhum dos que reclamaram deu um exemplo específico ou explicou a que "contexto" eles se referem, nem tampouco indicou qual o verdadeiro significado, não literal, dos trechos citados.

Texto nº 12. Publicado pela Freedom From Religion Foundation, Inc., PO Box 750, Madison WI 53701.
Texto original: http://www.ffrf.org/nontracts/jesus.html
Você pode distribuir este documento por email, mas, por favor, não distribua cópias impressas.
Copyright 1993 Dan Barker. Todos os direitos reservados.