Do ponto de vista moral, não há diferença entre se vender a alma ao diabo
e entregá-la a Jesus. Escolheremos a opção que resultar no maior benefício.
Para a maioria das pessoas, é claro, uma eternidade no céu mais que compensa
uma vida sofrida e sem graça, enquanto que os prazeres de uma curta vida não
compensam a eternidade no inferno.
Tudo se resume à escolha da opção mais vantajosa, não a de moral mais elevada.
Será que nos decidiríamos pelo caminho da ética se isto resultasse apenas na
satisfação do dever cumprido, enquanto que vender a alma ao diabo nos desse
uma eternidade de prazer?
A verdade é que assumimos que Deus é o padrão de moralidade absoluta, sem
termos nenhuma evidência disto. Se o que ele faz nos agrada, dizemos que ele
é bom. Se não nos agrada, assumimos que ele está certo, de um modo que não
podemos entender. Se um ônibus desgovernado se desvia no último instante,
poupa nossa família e mata outra, nós agradecemos a Deus enquanto os
sobreviventes da outra abaixam a cabeça em submissão a seus obscuros
desígnios.
Entretanto, se não sabemos por que Deus matou a outra família, também
não podemos ter a pretensão de saber por que ele poupou a nossa.
Não sabemos se ele é bom e justo, apenas queremos desesperadamente
acreditar nisto para que nosso sofrimento faça sentido.
Da mesma forma, se as formigas pudessem pensar, nos louvariam quando
deixássemos cair açúcar e aceitariam resignadas quando as exterminássemos
logo a seguir, talvez vendo no fato a justa punição por supostos pecados.
E elas saberiam tanto sobre nossos motivos quanto sabemos sobre os de
Deus. O Deus que nós mesmos criamos para tentar explicar um mundo que
não faz sentido
Por Fernando Silva, a partir de um comentário de Acauan dos Tupis
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