terça-feira, 7 de setembro de 2021

Considerações a respeito da existência de Deus e as religiões

O que podemos afirmar sobre Deus? 

 Não é possível garantir que Deus não existe porque seria no mínimo necessário procurar em todo o universo físico, do macro ao micro, para então afirmar que ele realmente não existe em nenhum lugar. 

Não é possível saber que Deus existe porque, se você encontrá-lo, não teria como saber se ele é realmente Deus e não outra coisa como, por exemplo, um ser com poderes além de nossa compreensão. 

Para poder saber que é mesmo Deus, precisaria ser onisciente, precisaria ser o próprio Deus. 

Se Deus é infinito e todo poderoso como afirmam as principais religiões, então ele é incompreensível. Se ele existir, qualquer coisa que digamos a seu respeito será perda de tempo e, provavelmente, incorreta. O que significa que todas as religiões são besteira. Mesmo que ele exista e se mostre a nós, não estaremos vendo a ele e sim a uma representação que nossa infinitamente limitada inteligência pode entender. 

Mesmo que ele nos diga alguma coisa, não teremos como tirar conclusões a seu respeito e de suas intenções. Não podemos dizer "Deus é bom e justo". Não sabemos quais os seus critérios de bondade e justiça. Se ele nos condenar a uma eternidade de sofrimento, não teremos como dizer que ele é cruel. 

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Qualquer coisa que um "místico" ou "espiritualista" afirme sobre uma suposta dimensão espiritual é invenção dele ou de outros como ele. Apenas divagações sobre coisas que não temos como entender e nem mesmo sabemos se existem. 

Apenas o reflexo daquilo que eles acham que deveria existir, do jeito que eles imaginam que deveria ser. Ter estudado a fundo as divagações de outros, antigos ou não, nada muda. 

Alegar inspiração divina ou intensas experiências místicas, menos ainda. Alegar que as coisas do espírito estão além da capacidade da ciência materialista só confirma que não sabem do que falam. Afinal de contas, estão usando um cérebro puramente material (e não podem provar o contrário). 

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Afirmar que Deus existe, mas é indetectável pela ciência não resolve o problema. Mesmo porque seria necessário provar que ele é indetectável, não apenas afirmar como axioma. Além disto, se ele é indetectável, nada pode ser dito a seu respeito, portanto as religiões são baseadas em rigorosamente nada. 

Não me venham com essa de "Nosso lado espiritual consegue sentir a Deus" porque o tal "lado espiritual" também é delírio e igualmente indetectável. Por outro lado, se fosse detectável, seria assunto da ciência, mas, se permanecesse incompreensível, as religiões continuariam a não fazer sentido. 

E se ele se manifestasse a cada um de nós, claramente? Continuaria incompreensível. Talvez decidíssemos obedecer por medo do castigo e cobiça da recompensa, só que continuaríamos sem saber se ele cumpriria suas promessas.

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Não podemos nos basear em nossos conceitos humanos e limitados do que é bom e belo. Deus, se existir, está além da nossa compreensão. Talvez ele nos pareça um monstro porque não temos como entender seus propósitos e princípios. 

É contraditório uma religião afirmar que seu deus é infinito e, ao mesmo tempo, tentar limitá-lo àquilo que ela pode conceber. É arrogância afirmar seja lá o que for sobre um deus que, por definição, é incognoscível. 

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Mesmo que exista algum deus e ele decida se mostrar a nós, o que veremos será apenas uma representação, apenas um avatar. Ou um fantoche. Algo adequado às nossas infinitamente limitadas percepção e compreensão. 

Ou seja, aquilo que veremos não será esse deus. E o que ele nos dirá certamente não será a verdade, mas aquilo em que ele achou que seria conveniente que acreditássemos. Ou então uma porção tão infinitamente pequena da verdade que será o mesmo que nada. 

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Se uma entidade superpoderosa nos aparecer se dizendo Deus, o que podemos pedir a ela como prova do que afirma? Não sei. Nem mesmo sei definir o que seja um deus. Talvez essa entidade faça coisas que nos pareçam impossíveis, milagrosas, mas apenas porque nossos conhecimentos são limitados. 

Na verdade, o único poder que essa entidade precisa ter é o de nos convencer de que é Deus. Mesmo que não seja. 

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Se me perguntarem se acredito em Deus, responderei: "Qual deus?"
Há milhares de deuses, cada qual com sua religião e dezenas, centenas ou milhares de seitas.
Não há motivo para escolher um deles e rejeitar os outros.

Ninguém se senta e analisa cuidadosamente todas as opções antes de se decidir por uma.
A "escolha" é fruto do acaso: a família ou país em que a pessoa nasceu, um momento de desespero que a leva a entrar no templo mais próximo ou a torna vulnerável a uma doutrinação, motivos estéticos ou culturais etc.

Nenhuma religião apresenta evidências de que seu deus é o verdadeiro (e que os outros são falsos). Por mais que aleguem testemunhos, milagres, profecias realizadas ou escrituras inspiradas por algum deus, todas se baseiam em fé.

Talvez exista um deus/deusa/entidade sem gênero definido (afinal, por que um deus seria macho ou fêmea?), mas, diante da absoluta falta de motivos para escolher um, o mais sensato é ignorá-lo.

Se comprovadamente existir, mas não tivermos como saber o que ele espera de nós, qualquer coisa que fizermos poderá estar certa ou errada. Mais uma vez, o mais sensato será ignorá-lo.

Se algum dia uma entidade se dirigir a mim diretamente e conseguir provar que é um deus, então decidirei o que fazer a respeito. Talvez até aceite obedecê-lo, por medo ou por convencimento, mas isto não significa que vou amá-lo.