Demolindo o Dogma da Santíssima Trindade
Mike McClellan
http://www.anzwers.org/free/jesuschrist/index.html
Sempre tive problemas com o conceito e a doutrina da Santíssima Trindade.
Mesmo depois 20 anos como "cristão renascido", eu continuava a não entender
a coisa. Outros cristãos afirmavam que entendiam mas que era muito difícil
expressar em palavras. Robert Ingersoll fez os seguintes comentários em
"Ingersoll's Works", vol. 4, p. 266-67:
"Cristo, de acordo com a doutrina, é a segunda pessoa da Santíssima
Trindade, com o Pai sendo a primeira e o Espírito Santo a
terceira.
Cada uma dessas pessoas é Deus. Cristo é seu próprio pai e seu próprio
filho. O Espírito Santo não é nem pai nem filho, mas ambos.
O filho foi gerado pelo pai, mas já existia antes de ser gerado, exatamente
o mesmo antes e depois. Cristo é tão velho quanto seu pai e o pai é tão
jovem quanto seu filho.
O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, mas já era igual a eles antes de
proceder, ou seja, antes de existir, mas
mesmo assim ele tem a mesma idade que os outros dois.
Deste modo, se afirma que o Pai é Deus, que o Filho é Deus e que o Espírito
Santo é Deus e que esses três deuses fazem um só deus. De acordo com a
tabela de multiplicação celestial, um é três e três vezes um é um, e de
acordo com a regra de subtração do céu, se diminuirmos dois de três, sobram
três. A regra da adição também é estranha: se somamos dois a um temos apenas
um. Cada um é igual a si mesmo e aos outros dois. Nunca houve nem nunca
haverá algo mais completamente idiota e absurdo que o dogma da Santíssima
Trindade".
Os cristãos estão diante de um dilema. A Bíblia diz no Antigo Testamento que
"Eu, eu sou Javé, e fora de mim não há nenhum Salvador" (Isaías 43:11). "A
Salvação vem de Javé" (Salmos 3:9), "Pois eu sou o Senhor teu Deus, o Santo
de Israel, teu salvador" (Isaías 43:3). De acordo com o Antigo Testamento,
só Deus pode ser o Salvador. Para que Jesus Cristo possa ser o Salvador, ele
também tem que ser Deus.
Os defensores da Santíssima Trindade citam:
"Para que sejam um, como nós somos um" (João 17:22);
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus"
(João 1:1);
"Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti" (João 17:21);
"Eu e o Pai somos um" (João 10:30);
"Quem me vê, vê o Pai" (João 14:9);
"Crede-me: eu estou no Pai e o Pai em mim" (João 14:11);
"Pai santo, guarda-os em teu nome que me deste, para que sejam um como nós"
(João 17:11);
"Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade."
(Colossenses 2:9).
A Bíblia tem muito mais versículos negando a Trindade que a confirmando:
"Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão só Deus" (Lucas 18:19)
"Porque meu Pai é maior do que eu" (João 14:28)
"Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou" (João 7:16)
"Meu Pai, se possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu
quero, mas como tu queres" (Mateus 26:39)
"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mateus 27:46)
"Daquele dia e da hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho,
somente o Pai" (Marcos 13:32)
"Que, tendo subido aos céus, está à direita de Deus" (Pedro 3:22) "Que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste" (João 17:3)
E ainda há outros trechos, mas os que foram citados mostram bem as
contradições.
Eis o dilema. Os cristãos sabem que, para Jesus ser o salvador da
humanidade, ele tem que ser Deus também. É a Bíblia que diz. Se ele não é
Deus, então ele não pode ser o salvador. Sua morte não teria sentido.
Portanto, os cristãos inventaram a Santíssima Trindade para explicar a
divindade de Cristo. Ele é homem. Ele é Deus. Ele é ambos. Ele tem que ser,
para poder ser o salvador. Infelizmente, ele é, no melhor dos casos,
indeciso. Às vezes ele diz que ele e Deus são um só. Às vezes ele admite que
Deus sabe de coisas que ele ignora e faz coisas que ele não pode fazer.
Os
cristãos apelam para as coisas mais estranhas para provar o dogma da
Santíssima Trindade, inclusive declarar que ele é um "mistério" e que "nós
somos muito limitados para entender". A Bíblia é a palavra perfeita e
infalível de Deus? A doutrina da Santíssima Trindade que os cristãos criaram
e as contradições em que ela implica gritam que "Não" ! Mas então como foi
que o dogma veio a existir?
As origens da doutrina da Santíssima Trindade são chocantes. Como no caso da
maioria das questões históricas relativas à cristandade, houve muita fraude
e derramamento de sangue. Muitas vidas foram perdidas antes que o
Trinitarianismo fosse enfim adotado.
Como muitos cristãos sabem, a palavra "trindade" não aparece na Bíblia. E
não aparece porque é uma doutrina que evoluiu aos poucos no início do
cristianismo. Foi um processo manipulado, sangrento e mortal até que
finalmente se tornou uma doutrina "aceita" da Igreja.
CONSTANTINO - COMEÇA A CRIAÇÃO DA TRINDADE
Flavius Valerius Constantius (c. 285-337 AD), Constantino o Grande, era
filho do imperador Constâncio I. Quando seu pai morreu em 306 AD,
Constantino tornou-se imperador da Bretanha, Gália (atual França) e Espanha.
Aos poucos, foi assumindo o controle de todo o império romano.
Divergências teológicas relativas a Jesus Cristo começaram a se manifestar
no império de Constantino quando dois oponentes principais se destacaram dos
outros e discutiram sobre se Cristo era um ser criado (doutrina de Arius) ou
não criado, e sim igual e eterno como Deus seu pai (doutrina de Atanásio).
A guerra teológica entre os adeptos de Arius e Atanásio tornou-se acirrada.
Constantino percebeu que seu império estava sendo ameaçado por esta divisão
doutrinal. Constantino começou a pressionar a Igreja para que as partes
chegassem a um acordo antes que a unidade de seu império ficasse ameaçada.
Finalmente, o imperador convocou um concílio em Nicéia, em 325 AD, para
resolver a disputa.
Apenas 318 bispos compareceram, o que equivalia a apenas uns 18% de todos os
bispos do império. Dos 318, apenas uns 10% eram da parte ocidental do
império de Constantino, tornando a votação tendenciosa, no mínimo. O
imperador manipulou, pressionou e ameaçou o concílio para garantir que
votariam no que ele acreditava, não em algum consenso a que os bispos
chegassem.
As igrejas cristãs hoje em dia dizem que Constantino foi o primeiro
imperador cristão, mas seu "cristianismo" tinha motivação apenas política. É
altamente duvidoso que ele realmente aceitasse a doutrina cristã. Ele mandou
matar um de seus filhos, além de um sobrinho, seu cunhado e possivelmente
uma de suas esposas. Ele manteve seu título de alto sacerdote de uma
religião pagã até o fim da vida e só foi batizado em seu leito de morte.
OS DOIS PRIMEIROS TERÇOS DA TRINDADE - O CONCÍLIO DE NICÉIA
A maioria dos bispos, pressionada por Constantino, votou a favor da doutrina
de Atanásio. Foi adotado um credo que favorecia a teologia de Atanásio.
Arius foi condenado e exilado. Vários bispos foram embora antes da votação
para evitar a controvérsia. Jesus Cristo foi aprovado como sendo "uma única
substância" com Deus Pai.
É significativo que até hoje as igrejas ortodoxas
do leste e do oeste discordem entre si quanto a esta doutrina, ainda
consequência de as igrejas do oeste não terem tido nenhuma influência na
"votação".
Dois dos bispos que votaram a favor de Arius também foram exilados e os
escritos de Arius foram destruídos. Constantino decretou que qualquer um que
fosse apanhado com documentos arianistas estaria sujeito à pena de morte.
O credo de Nicéia declara:
Creio em Um só Deus, Pai Onipotente, Criador do céu e da terra e de todas as
coisas visíveis e invisíveis.
E em Um só Senhor, Jesus Cristo, o Filho unigênito de Deus, gerado do Pai
antes de todas as coisas.
Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não
criado, consubstancial ao Pai, por quem todas as coisas foram feitas ...
Mesmo com a adoção do Credo de Nicéia, os problemas continuaram e, em poucos
anos, a facção arianista começou a recuperar o controle. Tornaram-se tão
poderosos que Constantino os reabilitou e denunciou o grupo de Atanásio.
Arius e os bispos que o apoiavam voltaram do exílio. Agora, Atanásio é que
foi banido. Quando Constantino morreu (depois de ser batizado por um bispo
arianista), seu filho restaurou a filosofia arianista e seus bispos e
condenou o grupo de Atanásio.
Nos anos seguintes, a disputa política continuou, até que os arianistas
abusaram de seu poder e foram derrubados. A controvérsia político/religiosa
causou violência e morte generalizadas. Em 381 AD, o imperador Teodósio (um
trinitarista) convocou um concílio em Constantinopla. Apenas os bispos
trinitaristas foram convidados a participar. 150 bispos compareceram e
votaram uma alteração no Credo de Nicéia para incluir o Espírito Santo como
parte da divindade. A doutrina da Trindade era agora oficial para a Igreja e
também para o Estado.
Os bispos dissidentes foram expulsos da Igreja e excomungados.
O CREDO DE ATANÁSIO COMPLETA A DIVINDADE TRINA
O Credo (trinitário) de Atanásio foi finalmente estabelecido (provavelmente)
no século V. Não foi escrito por Atanásio mas recebeu seu nome. Este é um
trecho:
"Adoramos um só Deus em Trindade ... O Pai é Deus, o Filho é Deus, e o
Espírito Santo é Deus; e contudo eles não são três deuses, mas um só Deus"
Por volta do século IX, o credo já estava estabelecido na Espanha, França e
Alemanha. Tinha levado séculos desde o tempo de Cristo para que a doutrina
da Trindade "pegasse". A política do governo e da Igreja foram as razões que
levaram a Trindade a existir e se tornar a doutrina oficial da Igreja.
Como vocês viram, a doutrina trinitária resultou da mistura de fraude,
política, um imperador pagão e facções em guerra que causaram mortes e
derramamento de sangue.
A TRINDADE CRISTÃ - MAIS UMA NO DESFILE DE TRINDADES
Por que surgiu esse clamor para elevar Jesus e o Espírito Santo a posições
iguais à do deus judeu/cristão? Simplesmente porque o mundo pagão estava
habituado a ter "três deuses" ou "trindades" como divindades. A trindade
satisfazia à maioria de cristãos que tinha vindo de culturas pagãs. O
cristianismo não se livrou das trindades pagãs, ele as adotou assim como
adotou tantas outras tradições pagãs.
OUTRAS TRINDADES
O hinduísmo abraçou a divindade trina de Brahma, deus da criação; Vishnu,
deus da manutenção, e Siva, deus da destruição. Uma das muitas trindades do
Egito era Hórus, Ísis e Osíris.
Os fundadores da primitiva igreja cristã não tinham ideia de que o conceito
de Trindade iria surgir, ser votado por políticos, imposto por imperadores e
um dia se tornaria parte integral do cristianismo moderno. Não é nenhuma
surpresa que tal conceito seja "difícil" de explicar.
Há um deus cristão ou três em um? A maioria das igrejas cristãs apoia a
doutrina da Trindade mas ainda há algumas que rejeitam o ensinamento. Hoje
em dia, temos a liberdade de acreditar em uma possibilidade ou outra, mas
corremos o risco de sermos ridicularizados se negarmos a crença na Trindade.
Como num supermercado, você escolhe a sua religião
segunda-feira, 1 de novembro de 2004
Demolindo o dogma da Santíssima Trindade
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